Apresentação

Tampopo Gourmet surgiu a partir de um hobby. Tendo crescido dentro da cozinha de minha mãe, chef de cozinha de alimentação vitalícia (ela será convidada para contar um pouco sobre o dom dela em algum post futuro), apaixonei-me pela alquimia de ingredientes que geram os mais variados sabores.

Cozinhar é uma aventura… Um grande desafio aos sentidos: paladar, olfato, tato, visão e, até mesmo, audição. Precisamos dos cinco sentidos e um pouco do sexto para transformar ingredientes em sabor. O olfato nos permite escolher o aroma do alimento, o tato ajuda na produção da textura, a visão nos permite dar apresentação, a audição fortalece a atenção constante que devemos ter no preparo do alimento. O paladar dispensa comentários… O verdadeiro sabor é a soma de tudo isso!

Depois de, em uma mesma semana, cinco amigas pedirem receitas de algumas de minhas amadoras aventuras, decidi criar uma maneira fácil e prazerosa de compartilhá-las. Tampopo Gourmet será o canal de expressão de minha eterna busca pela perfeição gastronômica. Por mais utópico que seja este destino, o caminho é bem interessante…

E meu caminho começa pela simplicidade e pelo realce dos sabores naturais. Assim, não tenho a pretensão de falar sobre receitas complicadas, mas do alimento simples, gostoso e saudável.

Então, mãos à obra e… Bom apetite! Bon appetit! Buen provecho! Itadakimasu! Buon appetito!

Por que Tampopo?

O nome do Blog foi sugestão da minha mãe. Após compreendê-la, apaixonei-me pelo nome.

Tampopo, em português, significa dente-de-leão, erva nutritiva que cresce em campos e jardins. Quem é que, quando criança, nunca soprou aquela flor branquinha que solta floquinhos quando soprada? Assim, Tampopo guarda a poesia e inocência de nossa infância quando, sem querer, ajudávamos a propagar o dente-de-leão pelos campos.
Para quem não se lembra ou não conhece Tampopo, segue uma foto:

Provisoriamente, em homenagem ao nome Tampopo, o layout do Blog traz um desenho do dente-de-leão no canto superior direito.
 
Assim que recebi a sugestão de nome, resolvi assistir a um filme japonês de 1985: Tampopo (em português: Os Brutos Também Comem Spaghetti).
 
Trata-se de uma delicada comédia que retrata sob várias nuances a importância da comida na vida das pessoas. Mais do que isso, ele mostra a busca pelo sabor perfeito e, ao mesmo tempo, como se deve apreciá-lo. No caminho entre os dois lados, o filme retrata ainda, com muita sinceridade, o frio na barriga de quem espera ter sua comida saboreada. Da mesma forma que o cozinheiro usa todos os sentidos para preparar sua obra de arte, aquele que tem o privilégio dela saborear deve usar todos os seus sentidos para bem fazê-lo.
Não há como retratar a delicadeza e sensibilidade do filme – que também apresenta algumas peculiaridades esquisitas (sob a ótica ocidental) da cultura japonesa e escatologias típicas de comédias e sátiras – sem assisti-lo e degustá-lo. Gostei de duas resenhas sobre Tampopo: http://objetobscuro.blogspot.com/2009/07/mistura-perfeita-de-sabor-e-de-vida.htmlhttp://outeabout.wordpress.com/2009/04/19/em-busca-da-comida-perfeita. A segunda, recomendo que seja lida após assisti-lo.
Um Pouco da Minha História…

Como muitas pessoas me perguntam porque tenho uma alimentação tão diferenciada, resolvi contar, entre uma receita e outra, um pouco da minha história de vida, que se inicia com a história de minha mãe…

Por isso, postarei hoje um trecho de uma matéria que saiu no Correio Braziliense no dia 02.05.2010.

Adeus ao luxo

Chef de cozinha macrobiótica, Vera abandonou uma vida de luxo em busca de saúde

No fim da década de 1970, Vera Viana morava na França e pesava apenas 40kg. A fragilidade do corpo já revelava sintomas de uma séria doença, de difícil diagnóstico. Os médicos, por fim, concluíram que ela era vítima de uma virose, provavelmente contraída durante uma temporada na Argélia. A doença comprometia sua força muscular e sua capacidade de absorver nutrientes. Veio então a pior notícia: ela teria apenas dois meses de vida. Foi aí que Vera decidiu voltar ao Brasil e começar, naquele momento, um novo capítulo.

Para se curar, ela abriu mão dos luxos usufruídos na Cidade Luz — do exuberante guarda-roupas ao apartamento muitíssimo bem localizado. Num sítio em Mariporã (SP), ela fez um tratamento com base na medicina oriental. “Saímos de Champs-Élysées para plantar, mexer com a terra, pisar no chão. Foi aí que percebi que não adiantava priorizar o sucesso em detrimento da saúde”, constatou.

Durante esse período de convalescência, passou por jejuns que mudaram sua relação com os alimentos, com os gostos e cheiros. Foi aí que viu desabrochar uma antiga paixão, a culinária. Em 1986, já recuperada, Vera se mudou para Brasília, onde se tornou uma respeitada e badalada chef de cozinha macrobiótica. Num apartamento na Asa Norte, abriu um restaurante frequentado por políticos e futuros presidentes. Foram anos incríveis. Hoje, aos 63 anos, ela vive um período sabático.

Por priorizar a saúde, Vera investiu não só numa alimentação saudável, mas também em atividades físicas. Todos os dias, corre 6km, faz musculação e alongamento na academia e ainda costuma fazer compras ou resolver pendências a pé — embora tenha carro, o qual ela compartilha com a filha. Da glamorosa vida em Paris, sobraram apenas lembranças. “Prefiro ter um guarda-roupas pequeno, mas de qualidade. Não é aquela coisa de não comprar nada e ainda usar uma roupa de 30 anos atrás. Mas acho que chegamos a um ponto de consumismo em que as pessoas deixam de usufruir as coisas: você come porque falaram que é bom, compra porque falaram que é bonito”, observa.

Atenta às necessidades, a chef não abre mão de panelas e ferramentas de boa qualidade, mas nada fica guardado para ocasiões especiais. “Na minha casa tudo tem que funcionar e não aparecer”, reforça. Por dispensar o que considera superficial, Vera usa e abusa do tempo livre para ler, malhar, escrever e estudar. “Levantar cedo e se entusiasmar com o dia, estar bem de saúde e não ter um arsenal de remédios para tomar é a maior riqueza que existe.” Para a chef, essencial é ter saúde e vitalidade. “Ou seja, se eu tiver que ficar com pouco dinheiro, não tem problema. Não quero um carrão, nem um casarão, quero estar bem fazendo as coisas de que gosto.”

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